Após 160 jogos com a amarelinha, jogadora de 38 anos se despediu com título do Torneio de Manaus e pretende continuar na seleção brasileira, fora das quatro linhas.
Chegou ao fim neste domingo, em Manaus, a trajetória na seleção brasileira da jogadora recordista em participações na Copa do Mundo de futebol feminino. Se aposentou Miraildes Maciel Mota, a Formiga. E se aposentou em grande estilo, com heptacampeonato do Torneio internacional, com vitória por 5 a 3 sobre a Itália, e em jogo marcado por homenagens, reverências e muita emoção.
Formiga chorou antes mesmo de a bola rolar, já no hino nacional brasileiro (veja no vídeo acima). Foi a 160ª e última vez que ela o ouviu como atleta da seleção, ao longo de duas décadas. Quando ouviu o hino nacional pela última vez com a camisa da seleção, disse que não conseguiu se segurar.
- No momento do hino eu sempre me segurei e como agora foi meu último jogo eu tive que soltar. Quando comecei na seleção, a hora que toca o hino é de uma emoção muito grande. Você pensar que está ali representando milhões de brasileiros, em busca de coisas melhores para a modalidade... É tanta coisa que vem na minha cabeça naquele momento que a gente tem que ser forte e tentar, pelo menos, segurar para focar no jogo - revela e acrescenta.
- Foram muitos anos de luta, dedicação.Peço que elas continuem lutando e não desistam de maneira alguma. Mesmo do lado de fora estarei lutando ao lado delas. A luta ainda não acabou. Vamos continuar firmes em busca dos nossos sonhos - disse, aos prantos. É uma honra para mim estar lutando pelo futebol feminino, mas infelizmente chegou a minha hora. Não queria, mas ela chega para todos nós - disse.
A jogadora tentou explicar o momento em que foi substituída aos 45 minutos do segundo tempo, sob os gritos de "é campeão", recebendo o aplauso da torcida e o abraço de todas as jogadoras do Brasil, além de agradecimentos.
- Na verdade eu me surpreendi. Olhei e disse: "Vou ter que sair, né? Dá oportunidade para minha amiga". Mas no momento ali me deu uma vontade muito grande de chorar. Parecia que eu estava começando, que seria a minha primeira convocação na seleção, mesmo sendo a última. Então, eu tive um pouco de confusão de sentimentos. De tristeza muito grande porque, como falei, não queria mas chegou o momento. E por outro lado feliz por terminar dessa maneira e com o placar tão maravilhoso que foi esse - completou.
Futuro na seleção brasileira
E depois do momento de emoção, formiga falou com a imprensa. Mais calma disse o que pretende fazer agora aposentada da seleção. De acordo com ela, pretende contribuir com a comissão técnica da seleção brasileira.
- Acho que tenho que trabalhar bastante para merecer essa oportunidade. Hoje eu saio porque eu sei que tem meninas boas. Antigamente a minha preocupação era essa. Mas hoje temos nomes que estão chegando agora, que estavam na sub-20, que tem talento e precisam estar aqui - disse, ao ressaltar que neste primeiro momento se dedicará a outros projetos, mas sempre ajudando novas jogadoras que queiram vestir a camisa amarelinha.
- Sei que muitas não querem e eu também não (despedida), mas temos que entender esse momento. Me despedir dessa maneira, com título, é maravilhoso. A única coisa que podemos no momento é dar retorno à torcida brasileira. Agradeço a todos por todas as mensagens que recebi. Desde esse elenco de agora à todas com quem já joguei. Por toda a torcida, toda a força que me deram. Foram 22 anos na luta, na batalha, e agradeço desde o meu primeiro treinador até a Emily, pelas oportunidades que tive.
Despedida perfeita
Para Formiga, a despedida em Manaus foi uma forma de contribuir o carinho do torcedor amazonense durante a Olimpíada,quando a seleção empatou em 0 a 0 com a África do Sul e contou com quase 40 mil pessoas. De acordo com ela, vencer a Itália por 5 a 3 fechou o ciclo de forma quase que perfeita.
- Eu queria render um pouco mais. Queria poder dar mais do que posso dentro de campo, mas acredito que muitos saíram satisfeitos com o pouquinho que tentei fazer ali. Minha maneira de jogar é aguerrida, é estar brigando, perturbando os adversários, roubando bola e colocando minhas companheiras na cara do gol. Claro que com o título é bem melhor do que você sair com uma derrota e deixar dúvidas.
Formiga fez questão de ressaltar a importância das novas jogadores que estão chegando e disse que vai tentar contribuir para que elas incentivando as que estão e as que sonham em chegar.
- Tem outras meninas que tem o mesmo sonho que eu. Então a gente tem que continuar o trabalho. A batalha continua. Então o mesmo sonho que eu tive de um dia vestir a camisa da seleção brasileira, eu já penso em outras que também lutam, têm suas dificuldades, enfrentam preconceito dentro de casa, enfrentam preconceito na rua para um dia estar aqui no meu lugar, onde eu cheguei. Então a vida vida vai ser essa. Eu dar continuidade no trabalho para outras que estão vindo aí ter pelo menos o direito de mostrar ser talento.
Recordes
Baiana de Salvador, nasceu no dia 3 de março de 1978 e foi duas vezes vice-campeã olímpica e uma vez vice-campeã mundial de futebol feminino. Atuando como meio campo, é a única jogadora de futebol do mundo a ter participado de todas as edições dos Jogos Olímpicos desde que o futebol feminino se tornou esporte olímpico. Em 2015, com 37 anos, 3 meses e 6 dias de idade, tornou-se a jogadora mais velha a marcar um gol em Copas do Mundo.
Formiga também alcançou o feito de ser a futebolista, entre masculino e feminino, com maior número de jogos pela Seleção Brasileira, segundo dados da CBF. Ao todo, ela jogou 160 partidas pelo Brasil, ultrapassando Cafu, que tem 149. Em 2011 foi contratada pelo São José-SP e liderou a equipe para bicampeonatos da Copa Libertadores de Futebol Feminino e da Copa do Brasil. Nos Jogos Pan-Americanos, foi ouro com a seleção em Santo Domingo, Rio e Toronto, além de conquistar a prata em Guadalajara.
Chegou ao fim neste domingo, em Manaus, a trajetória na seleção brasileira da jogadora recordista em participações na Copa do Mundo de futebol feminino. Se aposentou Miraildes Maciel Mota, a Formiga. E se aposentou em grande estilo, com heptacampeonato do Torneio internacional, com vitória por 5 a 3 sobre a Itália, e em jogo marcado por homenagens, reverências e muita emoção.
Formiga chorou antes mesmo de a bola rolar, já no hino nacional brasileiro (veja no vídeo acima). Foi a 160ª e última vez que ela o ouviu como atleta da seleção, ao longo de duas décadas. Quando ouviu o hino nacional pela última vez com a camisa da seleção, disse que não conseguiu se segurar.
- No momento do hino eu sempre me segurei e como agora foi meu último jogo eu tive que soltar. Quando comecei na seleção, a hora que toca o hino é de uma emoção muito grande. Você pensar que está ali representando milhões de brasileiros, em busca de coisas melhores para a modalidade... É tanta coisa que vem na minha cabeça naquele momento que a gente tem que ser forte e tentar, pelo menos, segurar para focar no jogo - revela e acrescenta.
- Foram muitos anos de luta, dedicação.Peço que elas continuem lutando e não desistam de maneira alguma. Mesmo do lado de fora estarei lutando ao lado delas. A luta ainda não acabou. Vamos continuar firmes em busca dos nossos sonhos - disse, aos prantos. É uma honra para mim estar lutando pelo futebol feminino, mas infelizmente chegou a minha hora. Não queria, mas ela chega para todos nós - disse.
A jogadora tentou explicar o momento em que foi substituída aos 45 minutos do segundo tempo, sob os gritos de "é campeão", recebendo o aplauso da torcida e o abraço de todas as jogadoras do Brasil, além de agradecimentos.
- Na verdade eu me surpreendi. Olhei e disse: "Vou ter que sair, né? Dá oportunidade para minha amiga". Mas no momento ali me deu uma vontade muito grande de chorar. Parecia que eu estava começando, que seria a minha primeira convocação na seleção, mesmo sendo a última. Então, eu tive um pouco de confusão de sentimentos. De tristeza muito grande porque, como falei, não queria mas chegou o momento. E por outro lado feliz por terminar dessa maneira e com o placar tão maravilhoso que foi esse - completou.
Futuro na seleção brasileira
E depois do momento de emoção, formiga falou com a imprensa. Mais calma disse o que pretende fazer agora aposentada da seleção. De acordo com ela, pretende contribuir com a comissão técnica da seleção brasileira.
- Acho que tenho que trabalhar bastante para merecer essa oportunidade. Hoje eu saio porque eu sei que tem meninas boas. Antigamente a minha preocupação era essa. Mas hoje temos nomes que estão chegando agora, que estavam na sub-20, que tem talento e precisam estar aqui - disse, ao ressaltar que neste primeiro momento se dedicará a outros projetos, mas sempre ajudando novas jogadoras que queiram vestir a camisa amarelinha.
- Sei que muitas não querem e eu também não (despedida), mas temos que entender esse momento. Me despedir dessa maneira, com título, é maravilhoso. A única coisa que podemos no momento é dar retorno à torcida brasileira. Agradeço a todos por todas as mensagens que recebi. Desde esse elenco de agora à todas com quem já joguei. Por toda a torcida, toda a força que me deram. Foram 22 anos na luta, na batalha, e agradeço desde o meu primeiro treinador até a Emily, pelas oportunidades que tive.
Despedida perfeita
Para Formiga, a despedida em Manaus foi uma forma de contribuir o carinho do torcedor amazonense durante a Olimpíada,quando a seleção empatou em 0 a 0 com a África do Sul e contou com quase 40 mil pessoas. De acordo com ela, vencer a Itália por 5 a 3 fechou o ciclo de forma quase que perfeita.
- Eu queria render um pouco mais. Queria poder dar mais do que posso dentro de campo, mas acredito que muitos saíram satisfeitos com o pouquinho que tentei fazer ali. Minha maneira de jogar é aguerrida, é estar brigando, perturbando os adversários, roubando bola e colocando minhas companheiras na cara do gol. Claro que com o título é bem melhor do que você sair com uma derrota e deixar dúvidas.
Formiga fez questão de ressaltar a importância das novas jogadores que estão chegando e disse que vai tentar contribuir para que elas incentivando as que estão e as que sonham em chegar.
- Tem outras meninas que tem o mesmo sonho que eu. Então a gente tem que continuar o trabalho. A batalha continua. Então o mesmo sonho que eu tive de um dia vestir a camisa da seleção brasileira, eu já penso em outras que também lutam, têm suas dificuldades, enfrentam preconceito dentro de casa, enfrentam preconceito na rua para um dia estar aqui no meu lugar, onde eu cheguei. Então a vida vida vai ser essa. Eu dar continuidade no trabalho para outras que estão vindo aí ter pelo menos o direito de mostrar ser talento.
Recordes
Baiana de Salvador, nasceu no dia 3 de março de 1978 e foi duas vezes vice-campeã olímpica e uma vez vice-campeã mundial de futebol feminino. Atuando como meio campo, é a única jogadora de futebol do mundo a ter participado de todas as edições dos Jogos Olímpicos desde que o futebol feminino se tornou esporte olímpico. Em 2015, com 37 anos, 3 meses e 6 dias de idade, tornou-se a jogadora mais velha a marcar um gol em Copas do Mundo.
Formiga também alcançou o feito de ser a futebolista, entre masculino e feminino, com maior número de jogos pela Seleção Brasileira, segundo dados da CBF. Ao todo, ela jogou 160 partidas pelo Brasil, ultrapassando Cafu, que tem 149. Em 2011 foi contratada pelo São José-SP e liderou a equipe para bicampeonatos da Copa Libertadores de Futebol Feminino e da Copa do Brasil. Nos Jogos Pan-Americanos, foi ouro com a seleção em Santo Domingo, Rio e Toronto, além de conquistar a prata em Guadalajara.
Fonte: G1
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