Suspeito de ser pago por facção, diretor de presídio é afastado

Operação da PM de Manaus no Compaj
O diretor interino do Complexo Penitenciário Anísio Jobim (Compaj), José Carvalho da Silva, foi afastado do cargo nesta terça-feira pelo governo do Amazonas. Ele foi acusado por dois detentos, que morreram no massacre do dia 1º de janeiro, de receber dinheiro da facção Família do Norte (FDN) para facilitar a entrada de drogas, armas e telefones celulares no presídio. A informação foi confirmada pelo secretário de Segurança Pública do Estado, Sérgio Fontes, segundo o jornal O Estado de S. Paulo. A rebelião orquestrada pela FDN contra integrantes do Primeiro Comando da Capital (PCC) no Compaj terminou com 56 mortos.
Dezenove dias antes de serem mortos, os presos Alcinei Gomes da Silveira e Gezildo Nunes da Silva enviaram cartas à Justiça do Amazonas por meio da Defensoria Pública. Nelas, os presos afirmam que estavam sendo ameaçados de morte. “Eles são corruptos e recebem dinheiro da facção criminosa facilitando a entrada de drogas e celulares e [também] a última fuga no Compaj”, disse Alcinei. 
A gestão do Compaj compete à empresa terceirizada Umanizzare, que administra outros cinco estabelecimentos prisionais no Amazonas e dois em Tocantins. Em nota, a empresa informou que o comando das unidades cabe a servidores públicos indicados pela Secretaria de Estado de Administração Penitenciária (Seap). Em 2016, o governo amazonense pagou 302,2 milhões de reais à Umanizzare pela gestão do Compaj.
No site do Tribunal de Justiça do Amazonas, há registro de uma petição (pedido) às 12h36, de 14 de dezembro, que foi reunida ao processo. Os detalhes do processo não podem ser acessados eletronicamente. Mas, segundo o defensor público Arthur Sant’anna Ferreira Macedo, que defendia Gezildo, trata-se de um pedido para que a Justiça determine que as denúncias sejam apuradas e que Gezildo seja transferido para o Centro de Detenção Provisória (CDP) como forma de o Estado protegê-lo e assegurar sua integridade física.
O Poder Judiciário entrou em recesso seis dias depois, no dia 20 de dezembro, e os pedidos do defensor público não foram analisados. Gezildo (que cumpria pena por furto) e Alcinei (condenado a 60 anos de prisão por matar a própria mãe, um irmão e tentar assassinar o pai) foram mortos no Compaj durante o massacre.

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