É difícil imaginar a vida sem desodorante, especialmente em um país tropical como o Brasil. O produto é usado como tática para disfarçar o cheiro do corpo, principalmente no clima mais quente, já que, muitas vezes, só água e sabão não dão conta de acabar com o odor produzido pelo suor das axilas ao longo do dia. No entanto, se duas palavras podem descrever bem os desodorantes convencionais, essas são triclosan e alumínio. Esses componentes são capazes de causar danos à saúde humana e ao meio-ambiente, mas, mesmo assim, são encontrados facilmente na maioria das fórmulas.
O desodorante é considerado um item de necessidade básica do dia a dia. Aqui no Brasil o costume é reaplicar o produto quantas vezes forem necessárias, aumentando os níveis de exposição aos seus componentes químicos. Além disso, ainda tem as versões em aerosol, que podem ser facilmente inaladas cada vez que pressionamos a válvula. Alguns estudos sugerem a relação do produto ao câncer de mama, devido à presença do alumínio, mas o Instituto Nacional de Câncer necessita de mais provas científicas para corroborar esta informação. No entanto, outros especialistas afirmam que o mineral pode sim causar esse e outros malefícios, e, em meio a essas incertezas e discórdias, os consumidores, preocupados com a saúde, saem em busca de alternativas mais seguras.
Sinal de alerta
A morte de uma criança de 7 anos, provocada pela inalação direta de um desodorante aerosol no início do ano, em São Bernardo do Campo (SP), reacendeu o debate sobre os danos causados por um produto aparentemente inofensivo. Apesar do caso ter sido uma fatalidade isolada, a rapidez com que a substância agiu no organismo da criança causou espanto e deixou os consumidores em estado de alerta. Segundo os especialistas o principal perigo está na exposição à longo prazo e ninguém está imune aos malefícios que os componentes do produto podem causar.
A médica Maria Clara Couto afirma que os desodorantes convencionais contêm diversos aditivos químicos, alguns, inclusive, associados a problemas de saúde e, por isso, é preciso cautela ao escolher o produto: “Como o desodorante é aplicado superficialmente em nosso corpo, acabamos esquecendo que ele está sendo absorvido, afinal muito do que passamos na pele chega até o organismo e a corrente sanguínea. Além disso, ainda há a questão dos aerosóis, que acabamos inalando involuntariamente na hora da aplicação”, afirma Couto – especialista em dermatologia.
Cuidados básicos
A pesquisa “A percepção dos consumidores brasileiros sobre cosméticos sustentáveis”, realizada pelo portal especializado Use Orgânico, contou com a participação de 1.517 consumidores de todas as regiões do país e revela que a maioria dos consumidores (82,5%) se preocupa com a qualidade dos produtos que passa no rosto, corpo ou cabelo tanto quanto dos alimentos que ingere. Tanto é que 44,6% afirmam que escolhem o produto com base na qualidade, em detrimento do preço, e 77% verifica os componentes da fórmula. No entanto, dados do mercado demonstram que os desodorantes convencionais são itens amplamente consumidos, mesmo diante dos debates sobre seu perigo iminente.
Para Couto isso pode ser explicado por dois motivos: “Em primeiro lugar está a falta de informações, ou seja, as pessoas não conhecem o potencial nocivo desses elementos presentes na fórmula. Mesmo que esses consumidores se atentem aos rótulos, em geral, a atenção é focada nos benefícios, como a duração, proteção, clareamento, etc. Outra hipótese é que, por ser tratar de um uso aparentemente “externo” no corpo, as pessoas tendem a achar que não serão afetadas. Se esquecem de que a pele é o maior órgão do corpo e, por isso, exige certos cuidados” – explica a especialista.
Veja a seguir os principais componentes, potencialmente tóxicos, que compõem a formula da maioria dos desodorantes convencionais:
Triclosan
Um estudo realizado pela Universidade da Califórnia e publicado na revista Proceedings of the National Academy of Sciences, chama a atenção para os malefícios dessa substância antibacteriana encontrada frequentemente em produtos de higiene pessoal, como sabonetes líquidos para as mãos, sabonetes íntimos, cremes dentais e desodorantes. Segundo as pesquisas, além de causar irritações na pele, a substância é capaz de interferir nas funções dos hormônios reprodutivos e também pode danificar o fígado, gerando danos graves, como a fibrose hepática e, até mesmo, o desenvolvimento de células cancerígenas.
Alluminium:
Muitos cosméticos apresentam esse componente, mas os desodorantes e antitranspirantes são os campeões. Os produtos podem chegar a conter até 20% da substância na forma de cloridratos de alumínio e hidratos de zircônio. Segundo o parecer da American Câncer Society, esses produtos são capazes de irritar a pele e levar ao desenvolvimento de uma infecção chamada hidradenite supurativa, que começa na glândula sudorípara da axila e pode desencadear bacteremia (bactérias na corrente sanguínea) se não for tratada adequadamente. Além disso, o uso prolongado destas substâncias é considerado um dos fatores de risco associados ao câncer de mama em alguns estudos.
Desodorante e Antitranspirante
O desodorante comum reduz o odor e inibe a produção do mau cheiro, por isso é menos agressivo, pois não contém alumínio em sua fórmula. Eles são feitos, geralmente, com agentes antissépticos, que combatem o crescimento bacteriano, responsável pela fermentação do suor. Já o antitranspirante (conhecido também como antiperspirante) tem uma função diferente: além de minimizar o odor ele ainda bloqueia a saída da transpiração, fazendo com que o suor fique retido. Isso é possível graças à presença de sais de alumínio, que tem o poder de fechar os poros. Dessa forma, quanto maior for a concentração do mineral na formulação do produto, mais potente e duradouro será sua ação. Por isso é comum encontrar versões que prometem atuar por até 48 horas. Diferente dos desodorantes, que podem ser usados no corpo todo, os antitranspirantes são indicados apenas para a região das axilas.
Por que o corpo transpira
Cada pessoa tem de 2 a 5 milhões de glândulas sudoríparas que atuam no processo de transpiração, que acontece em decorrência de mudanças de temperatura, atividades físicas ou, até mesmo, fatores emocionais, como nervosismo ou estresse. Isso ocorre para equilibrar a temperatura do organismo com o meio externo e também para eliminar substâncias tóxicas. Uma pessoa saudável transpira cerca de 1 litro por dia e a evaporação desse liquido é responsável por resfriar o corpo. O suor não tem odor, isso é causado pela degradação das bactérias presentes na pele. As regiões mais frequentes são as axilas, mãos, pés, virilha, rosto e couro cabeludo.
Como evitar o mau cheiro de maneira saudável
Na dúvida se o desodorante pode prejudicar a saúde, especialmente à longo prazo, os consumidores saem em busca de melhores alternativas. Entre receitas caseiras e produtos naturais, a dica médica é procurar por aqueles que que são atestados pelos órgãos competentes, para neutralizar o mau cheiro e, ao mesmo tempo, preservar a saúde: “Existem algumas opções de fórmulas caseiras, mas, geralmente, não são práticas de fazer nem de aplicar no dia a dia, por isso, apostar nos orgânicos é a alternativa mais saudável que se encaixa facilmente na rotina diária. Esses produtos são livres de aditivos químicos e substâncias nocivas à saúde, por isso não obstruem os poros e ainda permitem a sudorese natural. Além disso eles respeitam uma série de normas para se encaixar na categoria de produtos orgânicos e tem a qualidade certificada por agências regulamentadoras idôneas como a EcoCert, o IBD (Instituto Biodinâmico), e a SVB (Sociedade Vegetariana Brasileira), o que oferece uma segurança maior ao consumidor” – conclui a especialista. Com Use Orgânico
Fonte: Repórter PB
0 Comments:
Postar um comentário