O ex-advogado da Odebrecht Rodrigo Tacla Duran afirmou nesta terça-feira (5), em audiência na Câmara dos Deputados, que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, preso em Curitiba (PR), teve seu direito de defesa cerceado, porque o testemunho dele foi negado.
"Não querem me ouvir porque têm medo do que eu tenho a dizer", disse Tacla.
Em seu depoimento, por videoconferência na Espanha, onde vive, ele afirmou que não vão deixá-lo falar em nenhum processo porque ele revela o esquema de venda de proteção na Operação Lava Jato, da Polícia Federal.
Tacla também citou um nome ligado a Sérgio Moro, o advogado Zucolotto, que também venderia proteção na Lava Jato. Em novembro do ano passado, Duran disse que à CPMI da JBS que Zucolotto lhe ofereceu reduzir sua multa de US$ 15 milhões para US$ 5 milhões se o pagamento fosse feito em uma conta bancária em Andorra. "Percebi que as preocupações eram estritamente financeiras", disse o advogado.
O advogado disse nesta terça (5) não ter conhecimento de uma eventual investigação acerca do pagamento.
De acordo com Tacla, todos precisam conhecer o lado obscuro de Moro. Tacla afirma que entre outras críticas a Moro, o cerceamento ao direito de defesa é um dos métodos do juiz de Curitiba. "Desde 2016 quando me apresentei à força tarefa da Lava Jato para dizer que era advogado da Odebrecht sou tratado como criminoso. Nunca apresentaram provas contra mim. Aqui na Espanha já arquivaram acusações contra mim por falta de provas", acrescentou.
Segundo o advogado, "a operação Lava Jato se tornou um polo de poder político capaz de moer reputações, de destruir empresas e instituições". "Digo isso com tranquilidade, pois jamais fui filiado ou militei em qualquer partido político".
Histórico
Em dois depoimentos, um à CPI da JBS e outro à defesa do ex-presidente Lula, Rodrigo Tacla Duran mostrou documentos que não conferem com os que teriam sido obtidos no sistema eletrônico de contabilidade da Odebrecht. Portanto, colocou em xeque a veracidade de provas apresentadas pela Odebrecht a partir dos sistemas Drousys e MyWebDay – largamente utilizados pela Lava Jato.
Essa diferença pode indicar que houve alteração nos documentos. Tacla Duran submeteu esses documentos a uma perícia na Espanha, onde mora, e a autenticidade foi atestada. Mas uma perícia não foi feita pela Polícia Federal no Brasil. Há evidências de que Moro não quer ouvir Duran, porque o advogado denunciou à imprensa um suposto esquema de pagamento de propina em troca de melhorias em delações premiadas, negociadas em Curitiba.
Padrinho de Moro
Duran afirmou que um amigo e padrinho de casamento do juiz, o advogado Carlos Zucolotto (ex-sócio de Rosângela Wolff Moro, esposa de Moro) teria cobrado mais de US$ 5 milhões “por fora” para “melhorar” o acordo de delação de Duran com os procuradores da Lava Jato, liderados por Deltan Dallagnol. Duran detalha uma série de irregularidades que envolvem procedimentos adotados por procuradores, juízes, empresas e delatores na Lava Jato.
Em novembro de 2016, Duran teve a prisão preventiva decretada pelo juiz federal Sérgio Moro, foi preso na Espanha, mas libertado porque tem dupla cidadania, o que impediu a extradição.
Há seis meses, os deputados Paulo Pimenta, Wadih Damous e Paulo Teixeira (PT-SP) cobraram da Procuradoria-Geral da República (PGR) investigação das denúncias feitas por Tacla Duran. As denúncias são baseadas em farta documentação, que coloca em xeque não apenas a totalidade das delações dos executivos da Odebrecht no âmbito da operação, mas também de todas as denúncias construídas a partir dessas delações e de outros dados coletados a partir de sistemas de informações da empreiteira. A procuradora-geral da República, Raquel Dodge, prometeu tomar providências, mas até agora nenhuma explicação foi dada.
Fonte: Brasil 247 Com Rede Brasil Atual
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