'Vai ter muito disso', diz Haddad sobre acusações contra ele

Foto: Keiny Andrade/Folhapress

O ex-prefeito de São Paulo Fernando Haddad (PT), candidato a vice-presidente na chapa do ex-presidente Lula (PT), rebateu nesta quarta (29), em entrevista à imprensa em Belo Horizonte, as acusações do Ministério Público de São Paulo contra ele. 

O petista afirmou que o país vive um estado de exceção e, por isso, será alvo mais vezes. "Nós estamos vivendo um momento de excepcionalidade democrática. Não estamos vivendo em uma democracia. Estamos vivendo num estado de exceção. Um estado policial. Então, vai ter muito disso", afirmou Haddad, referindo-se às acusações. 

Nesta segunda (27), o promotor de Justiça Wilson Ricardo Coelho Tafner propôs uma ação de improbidade administrativa em que acusa Haddad de enriquecer ilicitamente e pede a suspensão dos seus direitos políticos por até cinco anos. 

A ação tem como base uma investigação da Polícia Federal, segundo a qual, em 2013, o então tesoureiro do PT João Vaccari Neto pediu ao executivo da UTC, Ricardo Pessoa, dinheiro para pagar dívidas de campanha do petista com uma gráfica.  Com base na delação de Pessoa, que diz ter pago R$ 2,6 milhões para sanar a dívida, o 

Ministério Público Eleitoral já havia denunciado Haddad por suposto uso de caixa dois. A Justiça aceitou a denúncia em junho. Segundo Haddad, ao assumir a prefeitura, ele cancelou uma obra superfaturada da UTC, o que teria contrariado os interesses da empreiteira e motivado as acusações de Pessoa. 

"Alguém aqui conhece um único caso de um governante ter suspendido uma obra superfaturada contratada pela gestão antecessor? Quantos políticos do Brasil têm a condição de apresentar a prova que eu apresentei?", questionou. 

O MP aponta, porém, outras duas obras em que a UTC participou durante a gestão de Haddad. O ex-prefeito afirma que sequer sabia que a empreiteira fazia parte do consórcio das obras e que o próprio Pessoa afirma em delação que não houve contrapartida para o pagamento feito a pedido de Vaccari. 

Pessoa afirma, na delação, que as doações a políticos em geral não tinham nada em troca. "Não pediram nada em troca e nada foi oferecido, mas a partir do momento que a doação era feita, as portas estavam abertas para se no futuro fosse necessário um acesso a aquela pessoa", afirma. 

Questionado a respeito de substituir Lula como candidato do PT no caso da candidatura do ex-presidente ser vetada pela Justiça Eleitoral, Haddad afirmou que não se discute essa hipótese.  "Nós não vamos nos antecipar a uma decisão que não está tomada. O TSE que tem que se manifestar se vai atender a ONU ou aos ministros do [Michel] Temer [MDB]", afirmou. 

"Confiamos que as autoridades brasileiras vão atender a determinação da ONU [de que Lula seja candidato]", disse. Nesta quinta (30), o PT entregará ao Tribunal Superior Eleitoral a defesa no processo de contestação da sua candidatura.  A respeito da suspeita de que o PT tenha pagado influenciadores digitais para falarem bem em redes sociais de candidatos do partido, Haddad afirmou que o caso está sendo visto e discutido. 

A prática contraria a legislação eleitoral e foi denunciada por uma influenciadora contratada por uma empresa que, por sua vez, havia sido contratada por empresas ligadas ao deputado federal Miguel Corrêa Jr (PT), que é candidato ao Senado em Minas Gerais. "Tem que apurar. Ver se foi o candidato que errou ou alguém que estava falando em nome dele, querendo agradar. Não é tão evidente, porque os candidatos negam que tenham usado recurso próprio para isso", disse. 

Haddad defendeu ainda a aplicação de multa caso a irregularidade seja comprovada. Os Ministérios Públicos Eleitorais de Minas Gerais e do Piauí averiguam o episódio. 
"O que circulou é uma coisa que não é permitida e cabe multa se a pessoa usou esse expediente. Vários candidatos são multados por terem usado um expediente equivocado. Quem tiver feito isso vai ter que ser multado."

Pela manhã, o ex-prefeito se reuniu com dirigentes de universidades e institutos federais em um hotel na capital mineira. Também participaram do encontro o governador de Minas e candidato à reeleição, Fermando Pimentel (PT), e a ex-presidente Dilma Rousseff (PT), candidata ao Senado em Minas.

Fonte: Folhapress

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