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Os acionistas do Grupo Abril fecharam a venda de 100% das ações da companhia para o empresário Fábio Carvalho.
O valor do negócio não foi informado.
Após a conclusão do negócio -que depende de condições como aprovação do Cade (Conselho Administrativo de Defesa Econômica)-, ele deverá assumir o controle societário e tornar-se presidente-executivo da empresa, segundo comunicado do grupo.
Hoje o grupo é comandado por Marcos Halland, sócio da Alvarez & Marçal, consultoria especialista em reestruturação de empresas.
A companhia, responsável pela publicação de revistas como Veja, Exame, Claudia, entre outras, entrou em recuperação judicial em agosto. As dívidas da empresa somam R$ 1,6 bilhão.
Os maiores credores do Grupo Abril são Bradesco, Itaú e Santander. Os bancos adquiriram debêntures (títulos de dívida) da companhia, que chegam a quase R$ 1 bilhão.
Em seu plano de recuperação, o grupo propôs aos seus credores pagar apenas 8% de sua dívida em até 18 anos. Se a oferta acabar sendo aceita, significará um calote de 92% dos débitos.
Carvalho, que é advogado, tem um histórico de assumir empresas em dificuldades para buscar eventual retomada.
Hoje ele reúne entre seus investimentos participações em empresas (como as redes de lojas Casa & Vídeo e Leader, do Rio) que, em conjunto, têm faturamento anual superior a R$ 4 bilhões e empregam mais de 46 mil pessoas.
"A história do Grupo Abril está intimamente relacionada com os grandes eventos políticos e econômicos que marcaram a história do Brasil nas últimas décadas. A capacidade e importância jornalística do Grupo é inegável. Não temos dúvida dos méritos e qualidades que permeiam as companhias do Grupo e que serão os pilares sobre os quais nos apoiaremos para superar os grandes desafios que se apresentam", disse Carvalho em nota.
"A família Civita delega a ele a tarefa de administrar os desafios e as oportunidades que estão no horizonte da nova mídia. Fábio reúne as características de empreendedor e a visão de negócio que os novos tempos exigem. Desejamos a ele muito sucesso", afirmou, também em nota, Giancarlo Civita, filho de Roberto Civita, morto em 2013.
Giancarlo deixou o comando do grupo após a contratação da consultoria Alvarez & Marçal.
A expectativa é que o negócio seja concluído em fevereiro de 2019.
DÍVIDAS TRABALHISTAS
As dívidas trabalhistas do Grupo Abril, que incluem débitos com jornalistas, gráficos, pessoal administrativo, entre outros profissionais, estão em cerca de R$ 90 milhões, o que significa apenas 5,6% do total. A administração da empresa propôs condições diferenciadas de pagamento de uma parte desse débito.
No plano, a empresa propõe quitar integralmente as dívidas trabalhistas até o limite de 250 salários mínimos por pessoa -equivalente a R$ 238,5 mil. O débito seria pago ao longo de 12 meses após a aprovação do plano de recuperação.
No começo de dezembro, a Justiça do Trabalho reiterou a ordem para que a editora Abril reintegre todos os funcionários demitidos em um prazo de 30 dias.
A determinação já havia sido feita pelo juiz do Trabalho Eduardo Matiota, da 61ª Vara do Trabalho de São Paulo, em setembro, após um pedido da procuradoria do MPT (Ministério Público do Trabalho). O Sindicato dos Jornalistas participa do processo.
A editora Abril apresentou embargos de declaração.
Em sua resposta, o magistrado confirmou a medida e ainda ampliou o número de empregados a serem recontratados para aqueles dispensados a partir de julho de 2017 -a decisão anterior determinava a recontratação dos demitidos a partir de dezembro de 2017.
Fonte: Folhapress
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